terça-feira, 10 de agosto de 2010

Divagações sobre tolerância

Há algum tempo, tenho pensado sobre tolerância. Isto me levou a pesquisar alguns textos sobre o tema, especialmente sobre os limites da tolerância. Ou seja, até que ponto se deve ceder em função do próximo, contrariando os nossos próprios desejos.

Ao pesquisar sobre tolerância, o ponto de vista dominante é de que a tolerância é uma virtude e que deve ser buscada por todos, para evoluirmos. Neste post, meu objetivo é ter uma visão crítica sobre esse ponto de vista, colocando questões mais reais e próximas à nossa realidade do dia a dia.

Aqui, coloco alguns recortes sobre o que li, suas respectivas fontes e meus comentários pessoais.

No dicionário Priberam (http://www.priberam.pt/), uma das definições para tolerância é "Condescendência ou indulgência para com aquilo que não se quer ou não se pode impedir"

A definição acima converge com uma frase retirada do blog Psicologia da Vida (http://patriciacalixtofonseca.blogspot.com/): "A tolerância vale apenas quando atuamos contra nós e a favor do outro. Não existe tolerância quando nada temos a perder"

Logo, concluo que ao sermos tolerantes, não estamos pensando em nós mesmos e sim na boa convivência com o próximo e que ser tolerante é se contrariar em prol de um bem maior. Mas, até que ponto isso é bom? Quando devemos fazer isso? Até quando é válido ter uma boa convivência com o próximo se o preço pago por isto é contrariar-se?

Encontrei um pensamento recorrente em várias páginas, pesquisando-se a partir do Google, logo não consigo identificar qual é a fonte original: "O limite da tolerância tem por um lado a manutenção da individualidade e por outro a inclusão do indivíduo na sociedade. Se isto não ocorrer, alguns perdem a individualidade e outros são exclusos e preferem isolar-se do convívio social" .

Este pensamento me ajuda a concluir que a individualidade extrema leva à intolerância, entretanto a tolerância extrema leva à falta de individualidade. Tolerar tudo à sua volta significa não ter uma personalidade própria, e estar sempre vivendo em função dos interesses alheios, o que pode inclusive ser utilizado como forma de manipulação. Por outro lado, a condescendência melhora a convivência na sociedade, nos tornando aceitos em diferentes grupos, o que é um dos passos para a felicidade. Então, como encontrar o ponto de equilíbrio? Coloco essa questão para uma discussão sobre o tema e comentários serão muito bem-vindos.

"Experimentar a tolerância significa compreender que devemos ter consideração pelo que o outro pensa, sente e escolhe... sendo capazes de responder corretamente às circunstâncias, sem se ferir ou magoar". (http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=17614)

Considero que o último trecho é essencial para a definição do limite da tolerância: "sem se ferir ou magoar". Então, ao fazer um bem para o próximo por meio da sua tolerância, fazendo mal para si mesmo leva-nos a uma percepção clara de que o limite da tolerância foi ultrapassado. Isto pode se aplicar em alguns contextos específicos em prol de um objetivo, entretanto ao tornar-se a regra, leva à infelicidade dos indivíduos normais (em contraposição às almas superiores).

Então, cabe pesar os benefícios trazidos em função de atos de tolerância comparando-se com as perdas decorrentes desta escolha. Se o saldo for positivo, vamos seguir em frente aceitando as diferenças e os pensamentos que divergem dos nossos. Entretanto se o saldo for negativo, devemos pensar mais em nós como indivíduos, que têm vontades e desejos, e optar pelo que nos deixa mais felizes, sem causar prejuízo ao próximo.

3 comentários:

  1. justo, justíssimo ... quando deixa de haver um retorno, perde o significado.

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  2. Bem,fiquei aqui a pensar sobre essa tal "tolerância"... Creio que quanto mais estamos cientes e seguros das nossas crenças, escolhas e limites menos difícil se torna tolerar... e sem SE machucar! Tolerar implica respeito pelo que é do outro e diverge do que é nosso, ou seja, haja auto-conhecimento e auto-sustentação!!! Eu, particularmente, sou muito mais tolerante hoje, que percebo a liberdade de escolha das pessoas de forma positiva... só tenho uma ressalva: tolerar que invadam meus limites NÃO!!!

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  3. É Paulinha, vc colocou uma questão importante e que não está explícita no texto: a invasão dos limites. Enquanto alguém acha algo diferente de você e isso não impacta na sua vida, tá tudo certo. Entretanto, se há uma pressão para impor atitudes e idéias, as coisas começam a se complicar!

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