quinta-feira, 10 de março de 2011

Pedras no rio

Este texto tem muito a ver com o meu momento de vida atual e compartilho com vocês um trecho.

Pedras no rio
Paulo Angelim

Se nos permitimos estar em contato com as pessoas, sendo conduzidos pelo
rio da vida, vamos, no “atrito positivo” (contato) com o próximo, eliminando arestas, desbastando diferenças, parecendo-se e harmonizando-se mais uns com os outros, sem necessariamente perdermos nossa identidade.” Pensei bem, e vi que se trata de uma verdade. Não nego que alguns desses contatos e atritos nos deixam marcas, tiram lascas de nós. Mas mostre um coração sem marcas e lhe mostro um coração que não amou, que não viveu. Um coração que não chorou, nem sentiu dor. Um coração sem sentimentos. E sentimentos são o tempero de nossa existência. Sem eles, a vida seria monótona, árida. O fato é que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir o contato próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa. Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado. Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas. Faz parte. Reveses momentâneos. Servem para o crescimento. A isso chamamos experiência.

http://www.pauloangelim.com.br/boletim222.html

2 comentários:

  1. lembrei agora de uma frase que li (nao sei de quem é) e amei: "as cicatrizes existem para nos lembrarem de que foi real."

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  2. Oi Ana!
    Você publicou uma frase de Clarice Lispector que cheguei a usar, sobre a primavera. Frase forte, mas demonstra a nossa capacidade de regeneração.
    E vc, como está?

    Beijos!

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